“Trabalho não é só produzir, é também transformar a si mesmo”, Christophe Dejours
A Teologia da Libertação,
capacidade de se entender como ser social
e livre politicamente, foi
substituída pela teologia da
prosperidade que subordina e humilha o ser humano ao definir que a prosperidade
financeira é mais importante que a prosperidade
pessoal, social e econômica.
Ela prega o dever de produzir desde muito jovem e construir patrimônio
antes de se construir como ser humano
e cidadão.
Ela está presente na “fé” mercantilista do líder religioso e no
discurso motivacional de alguns coachs sem qualquer experiência em
gestão de negócio ou pessoas, que usam passagens da Bíblia e frases de livros de autoajuda, manuais
ou filosofia de almanaque para mobilizar a claque.
A simples falta ao trabalho por doença é motivo de vergonha. Não basta o sofrimento, é preciso superar a dor e abandonar sua individualidade para cumprir suas
tarefas. Absenteísmo por gravidez,
acompanhamento de um filho doente, perdas importantes, tratar de assuntos
pessoais ou negar o dízimo por necessidade, desemprego ou urgência médica, tudo
é fraqueza moral.
Sem que percebam, pessoas são testadas
com o aumento de tarefas, pressão por resultados, jornada além dos limites,
metas irreais e competição individual ou de times. Se você “vira o fio” ou não
se adapta, ganha o rótulo de
preguiçoso, ineficiente ou incapaz. A gestão do sofrimento psíquico avalia sua capacidade de se entregar, não de entrega, competência ou habilidade.
A meta importa mais que o
resultado.
E a não-violência contra si mesmo é considerada um pecado, coisa do capeta.
Em meio ao surgimento de movimentos que tentam humanizar o capitalismo
como o Capitalismo Consciente, Capitalism
Reset, ESG, surge o *capetalismo
capitalista.
Se você não é competente para
gerir pela virtude, é um pecado ser
líder.
*Capetalismo - capitalismo baseado na propriedade, lucro, luxúria, medo, sacanagem e satanismo.
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