Cincopes

on 22 março 2024

PLANEJAMENTO - COMO DIRIA O ENGENHEIRO, "SÃO OS INTERÉSSES"!

Quiet ambition é a expressão usada para definir a falta de interesse por cargos de liderança, principalmente entre as novas gerações.

Vivi esse dilema algumas vezes em minha carreira. Reconheci potenciais e o profissional recusou a oportunidade. A maioria das vezes era insegurança, dúvidas quanto as suas capacidades em liderar. Poucas vezes houve a negativa pelo desejo expresso de não assumir responsabilidades.


O mercado de trabalho atual está trazendo uma safra que tem o firme propósito de não liderar pela incompatibilidade com seus propósitos pessoais e o não reconhecimento proporcional a energia para exercer o cargo.

A tão sonhada “ascensão na carreira” não existe mais entre eles. Seu propósito de melhor qualidade de vida pessoal entra em choque com maior carga horária, aumento de pressão, jornadas estressantes, atritos, metas irreais e retorno desproporcional.

Não é falta de ambição por desinteresse puro e simples, falta de compromisso com o trabalho ou não querer assumir responsabilidade. É pela ambição de equilibrar o pessoal e o profissional.

Somam-se a isso a perda de identidade ao ter que supervisionar e comandar e ter menos tempo para fazer o que gosta profissionalmente. Burocracia, metas, reuniões e relatórios impedem seu aprimoramento e especialização, habilidades que lhe dão poder, autonomia e liberdade.

É uma tendência ainda incipiente, mas pode se tornar majoritária uma vez que esse pessoal recém está entrando no mercado de trabalho e estará pronto para liderar daqui a alguns anos.

Segundo o Workspace Lab, o colaborador que apenas cumpre a jornada de trabalho é 20% mais produtivo do que aquele que avança o horário do expediente.

Uma pesquisa do Instituto Gallup nos dá o porquê. Cerca de 50% dos trabalhadores norte-americanos com longa jornada faz esforço mínimo, poupando energia para vida pessoal, impactando a produtividade. A mesma pesquisa mostra que suas prioridades são família, saúde física e mental, viajar, lazer, vivências pessoais e previdência. Temas relacionados ao trabalho estão longe das primeiras colocações.

O ambiente também merece estudo porque essa geração prefere ambientes colaborativos com o livre compartilhamento de ideias, espírito de equipe e pouca hierarquia.

Esse é o futuro nos dando vários alertas. Entender essa nova motivação permite encontrar soluções, apresentar propostas e oferecer novas oportunidades que retenham talentos.

Lendo essa geração, percebo que longe de ser falta de interesse, QUIET AMBITION é apenas a valorização de outros interesses que perdemos pelo caminho.