Quiet ambition é a expressão usada para definir a falta de interesse por cargos de liderança, principalmente entre as novas gerações.
Vivi esse dilema algumas vezes
em minha carreira. Reconheci potenciais
e o profissional recusou a oportunidade. A maioria das vezes era insegurança, dúvidas quanto as suas
capacidades em liderar. Poucas vezes houve a negativa pelo desejo expresso de não assumir responsabilidades.
A tão sonhada “ascensão na carreira” não
existe mais entre eles. Seu propósito de melhor qualidade de vida pessoal entra em choque com maior
carga horária, aumento de pressão, jornadas estressantes, atritos, metas
irreais e retorno desproporcional.
Não é falta de ambição por desinteresse
puro e simples, falta de compromisso com o trabalho ou não querer assumir
responsabilidade. É pela ambição de equilibrar
o pessoal e o profissional.
Somam-se a isso a perda de identidade
ao ter que supervisionar e comandar e ter menos tempo para fazer o que gosta profissionalmente. Burocracia, metas,
reuniões e relatórios impedem seu aprimoramento e especialização, habilidades que lhe dão poder,
autonomia e liberdade.
É uma tendência ainda incipiente, mas pode se tornar majoritária uma vez que esse pessoal recém está entrando no mercado
de trabalho e estará pronto para liderar
daqui a alguns anos.
Segundo o Workspace Lab, o
colaborador que apenas cumpre a jornada de trabalho é 20% mais produtivo do
que aquele que avança o horário do expediente.
Uma pesquisa do Instituto Gallup nos
dá o porquê. Cerca de 50% dos
trabalhadores norte-americanos com longa
jornada faz esforço mínimo, poupando
energia para vida pessoal, impactando a produtividade. A mesma pesquisa mostra
que suas prioridades são família,
saúde física e mental, viajar, lazer, vivências pessoais e previdência. Temas
relacionados ao trabalho estão longe
das primeiras colocações.
O ambiente também merece
estudo porque essa geração prefere ambientes colaborativos com o livre compartilhamento de ideias, espírito de
equipe e pouca hierarquia.
Esse é o futuro nos dando
vários alertas. Entender essa nova
motivação permite encontrar soluções,
apresentar propostas e oferecer novas oportunidades que retenham talentos.
Lendo essa geração, percebo que longe de ser falta de interesse, QUIET AMBITION é apenas a valorização de outros interesses que perdemos pelo caminho.
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