Gerações passadas eram instruídas com conceitos transmitidos como verdade absoluta baseada na fé, moral, ética, conhecimento e projeção de autoridade de pais, professores e antepassados.
Livros didáticos eram revisados a cada cinco ou dez anos porque a história era imutável. Heróis eram eternos, vestais sem idiossincrasias. Regras gramaticais eram definitivas e termos estrangeiros eram raros ou técnicos.
Hoje, as novas gerações se
apopriaram da tecnologia para absorver uma combinação de saberes ancestrais, intelectuais e espirituais conseguindo
fazer avaliações, dar forma ao seu ponto de vista e tomar atitudes de uma forma
em que passado, presente e futuro se fundem.
Essa capacidade de transformar informação em conhecimento
é, na verdade, o resgate e a modernização da oralidade, uma forma de transmissão de saber comum nas tradições
africanas e indígenas. E, também, do início do cristianismo, até virar negócio na boca de falsos profetas.
Eles aprenderam que estudar
é questionar o que não sabemos e como
e por que esse não-saber está ligado
ao poder, à violência, ao cancelamento de identidades e histórias. O saber deve
ser transmitido, vivenciado e atualizado respeitando
suas raízes.
O Brasil é multipolar, uma fonte inesgotável de culturas e tradições e há
tanto a saber que por mais que saibamos ainda é nada. Esse, talvez, seja um fator crucial que impede a conexão entre os brasileiros. Desconhecemos
nossos irmãos e o quanto estamos
ligados, impedindo a construção de uma identidade
nacional.
Entendendo essas limitações, a nova geração resolveu
agir. Ela sabe muito e está pronta para aprender
mais. Quem puder que acompanhe e
aprenda junto.
Eles têm condições, vontade e acesso a conteúdos
em bibliotecas de qualquer lugar do mundo. A tecnologia ajuda na busca de raízes e na compreensão desses padrões morais e culturais
impostos ou absorvidos que eles contestam.
Os discursos sobre
preconceito, pobreza, educação e discriminação foi retirado das mãos da elite pelo sujeito objeto do discurso. Ele assumiu suas bandeiras e debate abertamente sem depender mais de um porta-voz a
reproduzir chavões e lugares comuns
e que, sempre que o tema ameaça o status
quo, se protegem com o “sempre foi assim”, “foi sem querer”, “no meu tempo”...
Muitas vezes, seu lugar de fala era usurpado
pela elite para proteção e perpetuação do sistema.
A universalização da educação e o acesso à tecnologia deu voz aos desassistidos
e vulneráveis. Abriram mão da tutela
cuidadosa da burguesia para proferir uma fala
forte, contundente, respeitável, responsável e democrática, sem cor, gênero ou
raça, mas com autoridade.
O representante e a
representatividade se transformaram em participação
e presença.
Os jovens do século XXI
criaram um modo fusion cultural para pesquisar, aprender, se expressar e
viver. Uma geração disruptiva que
assusta a muitos.
Para o bem da humanidade, é melhor aprender com eles.
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