POLÍTICA - INOCENTE ÚTIL

 "Em 64, seguramos a vaca para os EUA tirarem o leite", general Antônio Carlos de Andrada Serpa.

Os militares têm o mantra do militante de esquerda “inocente útil” no combate à ditadura. Lendo a frase do general Serpa, um dos próceres do golpe de 64, fico na dúvida de quem realmente foi inocente útil.

Após o AI-5, os norte-americanos começaram a ver com outros olhos a ditadura brasileira. O relatório da Missão Rockfeller, de 1969, dizia que os militares tinham cumprido seu papel, mas “não eram o setor social mais apropriado ao poder” que devia caber a um “novo empresariado moderno à sua (deles) imagem e semelhança”. Os militares eram “governantes autoritários, inclinados para mudanças rápidas, com uma intrínseca instabilidade ideológica, assim como vulnerabilidade para o nacionalismo extremado". E tratavam do risco futuro das FFAA, que deixavam de ser “atraentes para os filhos das elites, atraindo carreiristas (filhos de militares) e oportunistas de famílias pobres sem identidade com a nação, nem com os donos de terras ou o empresariado”.

Essa visão derrubou o regime e criou lideranças políticas ligadas ao agro e ao empresariado como Collor e Fernando Henrique. Mesmo Lula, com origem sindical, afaga e cede à representação da elite dona da estrutura econômica e política, representada pelo centrão e os políticos fisiológicos.

É preciso uma reforma eleitoral e política para reorganizar a estrutura e a equidade entre os poderes porque o parlamento atual é o único deles que não representa e nem é representativo da sociedade.

O que o general Serpa diria aos golpistas de hoje?

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