A situação em Gaza não pode ser comparada com o holocausto. O extermínio em massa foi uma tragédia que envolveu muito mais pessoas que apenas judeus.
De acordo com o Museu do
Holocausto e documentos históricos,
também foram vítimas civis soviéticos e sérvios, prisioneiros de guerra,
poloneses não judeus, portadores de deficiência, homossexuais, padres,
pastores, freiras, Testemunhas de Jeová e o que a SS registrou como cidadãos
antissociais (resistência e oposição).
Acho que a comparação cabe ao
cerco do Gueto de Varsóvia, 1943, quando mais de 7 mil judeus morreram num levante contra o cerco do exército
alemão, comandado pessoalmente por Himmler.
Como em Gaza, a panela de pressão com mais de 300 mil judeus explodiu e pouco menos de mil jovens
"terroristas" e "revoltosos" (assim chamados nos documentos
alemães) reagiram e lutaram por quase um mês, até os
alemães explodirem a Grande Sinagoga
marcando o fim do levante. A diferença é que a reação judia não conseguiu sair
dos limites do gueto e vitimou
poucos civis poloneses.
Gaza é uma batalha dentro de uma guerra que parece não ter fim porque os
dois lados resistem ao diálogo, seja por razões geopolíticas, ideológicas,
políticas ou religiosas.
Só Netanyahu precisa da guerra
para sobreviver politicamente e à
prisão. O Hamas está satisfeito, sabia dos riscos
e seu grande objetivo foi alcançado, chamar a atenção do mundo para o problema
palestino. Seu erro foi não dimensionar
corretamente o nível de ódio da
extrema-direita israelense e o uso político
da guerra para sua sustentação política.
O mundo vai ter que encontrar uma solução em que palestinos e judeus convivam, não em harmonia, mas com respeito mútuo.
A juventude israelense, a classe média e os judeus ortodoxos terão um papel importante nesse debate.
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