Cincopes

on 10 fevereiro 2024

PROSA - DOI, MAS VAI PASSAR

O misto de constrangimento e vergonha que as FFAA, principalmente o EB estão passando não são dignas de seus integrantes.

Foram tragados por arroubos golpistas de militares ressentidos com a própria Força ao serem execrados nos anos 77 e 78, por Geisel, que com mão de ferro e rapidez, sufocou um golpe contra a abertura. São os filhos do general Frota, todos estavam no seu entorno na época.

Geisel tinha muitos defeitos, mas percebeu que sustentar a ditadura por mais tempo era um risco de esgarçamento social, político e econômico. A raposa Golbery previu as mudanças e que o fim da guerra fria era questão de tempo. Ele e Geisel agiram rápido internamente para conter os revoltosos. Na política, lenta e gradualmente, aprovaram legislação que deu impunidade aos golpistas de 64 (conscientes do seu erro, legislaram em causa própria).

Os filhos do Frota chegaram ao generalato, a partir de 2010, e com a anomia, omissão e cumplicidade do alto escalão contagiaram a tropa com um discurso anacrônico contaminando fracos de caráter, interesseiros e ingênuos.

Em 2016, atuaram no impeachment e sequestraram o governo Temer, fraco e corrupto, e se posicionaram para tomar o poder. Transformaram os quartéis em comitês políticos e as escolas militares em palanques, lançando candidatos em todo o Brasil. Reativaram o GSI sob sua batuta e lançaram seu candidato, mas são tão ruins de visão e estratégia que escolheram uma figura péssima como militar, parlamentar, cidadão e político.

Os filhos do Frota viraram uma turma de vovôs sem noção.

Muitas vezes fui execrado em grupos e reuniões porque ousei avisar que era uma péssima escolha. Não tinha como dar certo. E não deu!

A atuação do STF é uma boa solução para o Comando, porque tenho dúvidas se o espírito corporativista não deixaria a impunidade escapar da 4ª parte do Boletim, de novo. E é uma questão de jurisdição, não cometeram crime militar, mas crime comum de traição à Pátria com o agravante de serem militares. O STM iniciará os processos militares assim que o STF e a PGR pedirem os indiciamentos.

Uma breve observação sobre a alegação de que Alexandre Moraes não pode presidir o inquérito. Nessa ação específica, o crime investigado é de tentativa de golpe, traição à Pátria e contra a ordem social e à Constituição, que atinge a todos os brasileiros. Se não pode o Alexandre Moraes, não pode qualquer brasileiro.

A punição e enquadramento dos golpistas e das vivandeiras servem de bom exemplo aos jovens oficiais que vêm sendo assediados e doutrinados por uma turma sem caráter.

O país não pode mais contemporizar com atos dessa natureza ou sempre estaremos vendo uma farda com temor ao invés de orgulho e segurança.

Há os ignorantes, no bom sentido, que pregam o fim das FFAA, desconhecendo seu papel social e sua responsabilidade na segurança, desenvolvimento local, formação profissional, segurança cibernética, ciência e tecnologia, indústria farmacêutica e de defesa, relações internacionais e combate ao crime e a biopirataria, além de sua principal missão atual como guarda de fronteira. Seu lema Braço Forte, Mão Amiga é justo e verdadeiro.

E se queremos ser uma potência, (xô, vira-latas), precisamos de forças armadas.

A generalização é um erro, mas o corporativismo e vantagens especiais e exclusivas autorizam as pessoas a procederem dessa forma.

O comandante do Coter, legítima e cautelosamente, pediu ao capitão a ordem por escrito, mas deveria ter saído da reunião e relatado ao seu superior o ocorrido. Se não o fez, é um caso claro de traição à Pátria e prevaricação. Se fez, falta alguém nessa lista.

Meu coração aperta ao assistir, ler e ouvir uma enxurrada de postos e graduações ligados a atos de traição, mas não me peçam para ter vergonha ou deixar de defender a Instituição.

Essa vergonha não é minha.

Selva!