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on 29 fevereiro 2024

PROSA - CAPTOLOGIA, O SER HUMANO NA MIRA

 Há alguns termos que necessariamente devem ser divulgados, promovidos e discutidos na sociedade tal o impacto que têm em nossas vidas.

Sinceramente, você já ouvir falar em captologia e como ela mexe com sua vida e vontades?

Captologia (Captology, em inglês) é um acrônimo de sua finalidade (Computers APersuasive Tecnologies - Computadores como Tecnologias Persuasivas), que, casualmente, tem conotação com o verbo CAPTURAR, em português. É a pesquisa de formas e meios para capturar sua atenção e usar seus próprios sentimentos como meios de persuasão à mudança de hábitos e novos comportamentos, usando psicologiatecnologia e design.

Provoca debates apaixonados nos meios acadêmicos na tentativa de diferenciar a mudança de hábito intencional da estimulada, uma tarefa extremamente difícil pela dificuldade de diferenciar uma da outra.

A mudança de hábito intencional é feita pelo convencimento. A estimulada é feita pela persuasão, mesmo se violentando, você a torna um hábito.

Ao mapear e compreender condutas humanas, a tecnologia é capaz de estimular e mudar hábitos pessoais ou de grupos. A interação e o uso de técnicas como a rolagem de tela (baseada na técnica das máquinas caça-níqueis) e o estímulo múltiplo (pop up, alertas) evitam o pensamento linear, quebrando sua linha de raciocínio. As big techs não ganham dinheiro se você ficar muito tempo na mesma URL, precisam fazer você navegar sem se aprofundar em qualquer coisa. É uma forma de avaliar se seu conteúdo pode ser valorizado (aumento do preço no leilão) ou ignorado (por mais que você pague, você não sobe no ranking).

Não é uma novidade, sendo pesquisada desde o início dos anos 1990 e o primeiro laboratório, o Stanford Persuasive Tech Labs, foi criado em 1998, dirigido por B J Fogg, psicólogo precursor do estudo do tema e autor do livro Persuasive Technologies.

Infelizmente, há rara literatura disponível em português, com exceção de artigos acadêmicos de universidades nacionais e estrangeiras.

O modelo de Tecnologia Persuasiva é baseado no MIT (Motivation, Ability, Trigger), o usuário deve ter motivação (desejo, necessidade, aceitação, fomo) habilidade (intuitivo para facilitar a jornada) e gatilho para a ação (call to action como clique aqui, compre agora).

Na forma de softwares e apps, é a tecnologia com uso positivo ou não. Agendas para práticas de exercícios, relógio que monitoram condições físicas e cardíacas, planilhas pessoais de gestão financeira, alertas para lançamentos de publicações de seu interesse, monitoramento ambiental e do clima estão entre os positivos. No lado sombrio, temos o risco dos jogos e apostas on line, pornografia, comércio da fé, indução ao consumo e uso de produtos e marcas e seleção para criação de comunidades com fins obscuros.

Como a IA, é preciso discutir a respeito dos seus limites éticosmorais e regulatórios pelo temor de seu uso como uma forma invisível de manipular as pessoas.

Assim como IA entrou em nosso vocabulário, é hora de PT (Persuasive Technologies) e Captologia terem nossa atenção.

Sua finalidade inicial era induzir a melhores hábitos e atitudes saudáveis, tipo um UX reverso, a tecnologia mudando o usuário.

Infelizmente, a manipulação nem sempre é para melhor.

Deixo o link para um site onde você pode interagir e entender um pouco mais sobre grade de comportamento.

http://www.behaviorwizard.org/wp/