Atualmente, os maiores argumentos
para venda de imóveis estão em expressões como “viva em seu mundo”, “longe de
todos” e a garantia de privacidade e segurança como sinônimo de isolamento.
É lamentável que o sonho das
pessoas seja viver longe das
pessoas. Condomínios têm suas próprias escolas, privando os jovens do mundo real, circunscritos ao seu mundinho,
sem interação social e experiências de socialização,
uma das maiores responsabilidades da escola.
Condomínios viraram bairros fechados
e os edifícios residenciais são conjuntos de células residenciais. As janelas diminuíram estreitando o campo de
visão e os velhos janelões panorâmicos por onde entravam o mundo e a luz,
viraram seteiras.
As churrasqueiras nos apartamentos tiraram um dos últimos espaços de convivência comunitária, as churrasqueiras
coletivas próximas ao playground onde nossos filhos brincavam, tocavam a terra
e trocavam abraços e socos com os
amigos.
É a era da individualização do
coletivo.
As festas de garagem não existem mais. Os campos de futebol de várzea
viraram área de risco. O transporte coletivo não tem mais o riso da juventude, o papo entre os experientes e as fofocas e causos da comunidade. Todos só têm olhos pra telinha.
Mais do que se isolar do mundo, é o isolamento entre vizinhos, amigos,
colegas, semelhantes ou iguais em classe social e cultura.
Vemos o mundo em poucas polegadas de cristal líquido de alta definição onde a vida real não faz sentido, sem foco e nenhuma definição.
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