Cincopes

on 20 maio 2024

POLÍTICA - POLÍTICA, COMUNICAÇÃO E VERDADE

Política e comunicação andam juntas, são igualmente simples, complexas e altamente manipuláveis.

A política é pura atitude e ação, muitas vezes para não mudar, mas faz parte do jogo.

Comunicação é expressão e atitude.

Ambas são interdependentes apesar de estarem em lados opostos. A política usa a comunicação para difundir e ludibriar. A política é matéria prima da comunicação.

As redes sociais tentaram ser um espaço democrático à liberdade de expressão, mas foram tomadas por manipuladores, algoritmos e robôs que distorcem a realidade. Nas ondas da web, transborda irresponsabilidade, sobra expressão, falta liberdade.

Esses são alguns dados da União Internacional de Telecomunicações sobre o mercado de internet brasileiro para entendermos em que campo se dá a luta pela verdade.

No Brasil, 86,6% da população tem acesso à internet, mas 30% é limitada (pré-pago). A precária cobertura, o número de celulares (1,2), notebooks e desktops (1,7) por habitante, enquanto 15% da população e mais de 30% das residências está off line, sem fixa ou móvel, mostram uma distorção na universalização e representam um percentual elevado de usuários fakes.

Essa estrutura é usada pelos políticos e extremistas ideológicos e religiosos para a manipulação da informação e manutenção das forças que os financiam no anonimato.

Um grande avanço seria a imprensa ser mais cuidadosa e só publicar após conferir a informação.

A pressa pelo furo, agora vivemos a época dos “bastidores”, acaba ajudando a dar credibilidade à mentira, a ilusão e às promessas vazias.

São exemplo as manifestações dos políticos e agentes públicos durante a tragédia no Rio Grande do Sul, tergiversam, mentem e omitem tentando esconder sua culpa.

Os repórteres dão um show na cobertura das consequências, mostrando com sobriedade os estragos, a dor, a solidariedade e a esperança. Passado o olho do furacão, espero cobertura isenta e completa das responsabilidades.

A imprensa precisar voltar às origens, investigar, aprofundar temas, esclarecer e publicar a verdade. Abandonar pautas de release, notas plantadas, fontes manipuladoras e ir às ruas, ver além dos gabinetes e aferir o resultado de cada ação política. Sua presença nos salões do poder deve ser para confrontar, inquirir, questionar e ouvir o outro lado.

O político é o porta-voz da sociedade para buscar soluções para seus problemas. Política é a arte de articular, compor e negociar para governar e realizar.

A sociedade precisa superar a anomia, aglutinar forças e superar a tentativa de cisão que extremistas tentam criar no país, baseada no preconceito e na mentira.

Nossos problemas estão na falta de ação da cidadania e só mais política participativa resolverá. A passividade da sociedade é estímulo à ação sem pudor ou vergonha dos políticos.

Mobilização não é a tentativa de explosão de caminhões de combustíveis, ridículos acampamentos junto aos quartéis, orar para alienígenas e pneus, venerar covardes, financiar sacripantas, mitar traidores ou a ridícula e golpista manifestação do triste 8 de janeiro de 2023.

É unir propósitos, agir em grupos, invadir legitimamente os partidos, participar de movimentos sociais, atuar na participação popular, fiscalizar os poderes e votar com consciência.

O país tem três poderes legítimos (executivo, legislativo e judiciário), o quarto poder (imprensa) que precisa ser mais público, menos político e comercial e o quinto poder (crime), inescrupuloso e corrupto que se infiltra e manipula todos os outros.

Só avançaremos como sociedade com cada um em seu lugar, rua, palácios, bancas ou cadeia.

Seja São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, ou a deusa da verdade, Alethea, verdade, justiça e harmonia sempre andaram juntas, uma não existe sem a outra.