Cincopes

on 13 maio 2024

PROSA - UM PORTO FORTE, SOLIDÁRIO E NÃO MUITO ALEGRE

O voluntariado é sempre extrovertido, o coração aberto, a mão estendida, as pernas prontas para partir. Sair para conhecer e sair para dar”, Papa Francisco

Em momentos de crise, os fatos nos atropelam e fazemos tristes descobertas. A natureza é implacável, água faz mais do que molhar e matar a sede e o mundo tem gente boa e ruim.

E nosso Porto já não está muito Alegre, mas se revela solidário e forte, graças ao voluntário, a mão amiga e a força altiva numa só solidariedade.

O voluntário é a face oculta dos influencers e marqueteiros da tragédia.

Ele está em Porto Alegre, na região metropolitana, no vale do Taquari, na serra, zona sul, alto Uruguai, vale do Rio Pardo, planalto ou fronteira. Corre entre caixas, arruma pacotes, está atrás de fogões, pilotando botes, higienizando doações, num rapel em helicópteros, ao lado de uma maca, abraçando desesperados, carregando idosos, distraindo crianças, aquecendo corações, sendo a esperança dos desesperançados.

Eles são milhares, com farda ou a paisana, vivem a empatia, transbordam sentimentos.

Todos terão lembranças dolorosas, afetivas e emocionantes desse pesadelo e uma lição comum: sairão melhores como pessoas e cidadãos.

O voluntariado é uma forma de crescer, evoluir, mudar a si mesmo através do aprendizado no contato com novas pessoas e realidade.

O voluntário não está preocupado com redes sociais, não quer mudar o mundo. Seu foco é ajudar os outros a superar a dor com uma voz amiga, abraço caloroso, respeito e gentileza.

Sabe que provocará gratidão, mas não é a ele que ela impacta. O mundo será melhor com amor e conexões mais humanas.

É ver na história triste de seus irmãos o quanto sua vida é abençoada e agradecer.

O voluntário não tem cor, credo, gênero, classe. Ele é apenas um sentimento que ajuda no renascer, desconstrói o medo e estende a mão.

Trabalho voluntário não é para comuns, lacradores e exibicionistas.

Voluntariado é abnegação, superação, anônimo e um remédio que ao ajudar a cura do outro, tem o efeito colateral de alimentar nossa alma com amor.

Você deixa de ser quem pensa que é e se torna o que realmente é. Ele mostra que há algo mais nessa vida, é uma poesia que nos inspira a ser mais humanos.

É um trabalho tão incrível que não podemos praticar só em situações emergenciais.

Pense nas milhões de voluntários conectando pessoas e organismos de ajuda, doando livros, preparando remédios, doando seu tempo a pessoas ou causas em campos de refugiados, institutos, ONGs, cozinhas solidárias, hospitais de campanha, em qualquer lugar do mundo.

Não é sobre lição de moral, é decidir o que fazer com o seu tempo numa escolha sábia.

Muitos estão ali pelas pessoas, sem olhar a causa. É lindo demais ver gente sonhando junto para melhorar a vida do outro, colocando as mãos e o coração naquilo que acreditam.

Você encontra o seu propósito de vida ao descobrir e se dedicar a algo que te toca. 

Olhe para os lados, fique atento às dores do mundo. Há muito o que fazer pela dignidade dos seres humanos, dos animais e da natureza.

O trabalho voluntário tem mais a ver com dignidade do que com caridade.

Graças aos voluntários, Porto Alegre se mostra forte, unida e solidária.